segunda-feira, 27 de julho de 2009

Parcel Dom Pedro - Para os que acham que lá não tem “barbatanas” !!!

Localizado a cerca de 15 Milhas Nauticas, a Sudoeste da ponta do Forte de Itaipú na baixada santista, este parcel chega a 'quebrar', pois seu cabeço se eleva até quase 3 metros da superfície.

Há relatos, inclusive, de colisões de cascos de embarcações de maior calado em virtude da profundidade do seu ‘cabeço’ mais raso.

É um local que costumávamos pescar e mergulhar....

Mas, a parir do dia em que participei como interlocutor direto da história que passo a compartilhar, mergulhar, ao menos prá mim, não mais.

Em certa quarta-feira de sol forte e com o mar como um 'tapete', “cabulamos” o trabalho e seguimos viagem para o ICS, e de lá para o ‘Dom Pedro’ (eu, meu irmão e nossos amigos Neto e Renan).

Chegando lá, nos deparamos com outro amigo inseparável de pescarias e aventuras marítimas, o nosso querido, fiel de sempre presente pescador inveterado, Del Bosco.

Neste dia, como o comandante Del já estava pescando de linha, resolvemos não 'cair' na água para não atrapalhar, iniciando nossas atividades pesqueiras diretamente pelas linhadas.

Como de costume, marcamos o cabeço mais raso e, a partir dele, nos afastamos cerca de 60 metros em direção W, até atingirmos uma profundidade de cerca de 18 mts.

O Del com sua inseparável e corajosa cabras-mar "Mink", estava 'poitado' mais ao raso, mais próximo do primeiro 'cabeço', distanciado a cerca de 30 m de nossa Komplott.

Lançamos à água nossas linhadas para garoupas e caranhas.

O Neto, além das linhadas de fundo, mandou p'água, uma de 'meia-água', na intenção de identificar a existência de algum cardume de galos, xaréus, olhetes, ou olhos de boi.

Começamos a içar garoupas valentes e pesadas, que, não sei se por puro ‘pré sugestionamento’, só saem em dias tranqüilos e de semana produtiva.

O certo é que, lá nunca peguei garoupas maiores de 5 kgs em finais de semana, feriados etc..., indicação de que estas garoupas maiores somente 'trabalham' nos dias, comumente destinados ao trabalho humano (de segunda à sexta).

Mas vamos lá, em meio à pesca de fundo, o Neto fisgou algo em meia- água.

Logo pensamos se tratar de alguma bicuda intrometida porque não estava quase 'brigando', mas tínhamos certeza de ser peixe pequeno.

Para surpresa, ele havia fisgado um pequeno Mako, com cerca de 2 kgs.

Tiramos o maior barato dela, muito embora, após ele mandar taxidermizar o recém nascido tubarão, invejamos o troféu - ficou lindo!

Continuamos a içar os peixes de fundo, mas, de superfície e meia-água, nada de cardumes, nem mesmo de bicudas.

Cerca de 10 minutos após ter embarcado o pequeno Mako, o Del Bosco gritou de sua lancha.

Ele segurava fortemente uma vara pesada de espera, vergada até o 'talo', com a carretilha 'gritando' como louca.

Começamos a lançar os costumeiros 'insultos' ao nosso amigo e aos demais pescadores que estavam com ele.

No meio de uma dessas 'frases costumeiras', a poucos metros do costado da Komplott, um enorme Mako, com mais de 3 m, literalmente, decolou da superfície do mar em direção ao céu azul.

Neste pulo, uma das cenas mais lindas que já vi, rodopiou verticalmente por completo, voltando ao seu habitat, em seguida, saltando novamente na horizontal, girando em torno do próprio eixo.

O Del, ao ver um peixe pulando tão alto, sem, entretanto identificá-lo, começou a gritar que se tratava de um 'bico'.

Neste instante, todos que estavam embarcados na Komplott, e que viram a poucos metros do nosso costado o grande Mako, começaram a gritar para a Mink para que soltasse a ‘poita’ e seguisse em perseguição ao peixe.

Concluíamos intimamente que, quase certamente a vara não estaria preparada com 'parada' de aço, item que seria de suma importância para a captura do lindo tubarão de coloração azul reluzente.

O pessoal da Mink, quando se toucou que se tratava de um enorme Mako, já era tarde!

A "parada" de nylon não resistiu ao contato com a derme do peixe, que mais se assemelha a uma lixa extremamente áspera e grossa, tampouco, agüentou ao simples toque de sua afiada fileira de dentes longos e pontiagudos, dentição característica da espécie.

Sob protestos, murmúrios e xingamentos, o grande Mako se foi, não havendo mais nada a fazer, certo?!

Quase..

Cinco minutos depois, o pessoal da Mink novamente fisgou outro.

Este, bem menor é claro, mas até mesmo por isso, o embarcaram com certa facilidade.

Verdade seja dita, era consideravelmente menor, mas, nem por isso o peixe com seus 16 kgs deixava de ser uma beleza!

É detentor de uma hidrodinâmica invejável, um conjunto poderoso de mordedura com dentes dispostos em fileiras que continuamente se destacam da gengiva, uma pele que mais parece uma armadura e uma cor..., esta sim, de parar multidões - é o tom de azul mais bonito que já vi.

Bom, como já eram quase 5 horas da tarde, as geladeiras já estavam cheias e nós da Komplott tínhamos de voltar a tempo para dar impressão às namoradas que estávamos trabalhando de 'paletó e gravata', nos despedimos e retornamos ao ICS.

Ah, antes de partirmos, o pessoal da Mink informou que iria adentrar à noite em pescaria para tentar as grandes dentuças (caranhas) que habitam em grande número àquele parcel.

No próximo relato, conto a passagem com o Cássio, outro velho amigo pescador, que comigo fisgou no parcel dos Reis, em um único dia e de corrico, 11 olhos de boi de mais de 20 kgs cada e de sobra, mais de 30 vermelhos ciobas com média de 8 kg!

Quase ia me esquecendo, a turma da Mink fisgou naquela noite, duas 'dentuças' das criadas um de 40 e uma de mais de 60 kgs.

Quem duvidar desta história, basta conferir com os participantes identificados com nomes reais; os amigos pescadores, portanto, 'bons e verdadeiros mentirosos': Renan e Neto, Del Bosco, Arthur dos Santos, tio Orlando Lovecchio (in memoriam), eu e o Beto (meu irmão).

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